Muitas organizações implantam, principalmente indústrias, o 5S e o TPM. Porém, a grande maioria obtém resultados muito aquém daqueles que estas metodologias se propõem a gerar. Este artigo apresenta as principais diferenças entre a baixa e a alta performance destas duas metodologias japonesas, sendo que a alta performance, com os resultados gerados, é uma base para a excelência operacional.
5S
1. Significados do 5S
· SEIRI: Utilização adequada dos recursos e instalações evitando desperdícios. Seiri implica a eliminação de itens desnecessários no local de trabalho, garantindo que apenas o que é necessário esteja presente.
· SEITON: Organização adequada dos recursos tornando o ambiente seguro e produtivo. Seiton envolve organizar tudo de uma maneira que promova a eficiência e a segurança, assegurando que os itens necessários estejam facilmente acessíveis.
· SEISO: Limpeza com postura de inspeção visando o zelo pelos recursos e instalações. Seiso destaca a importância de manter um ambiente limpo e inspecionar regularmente para identificar e eliminar fontes de sujeira e desordem.
· SEIKETSU: Padronização de ambientes e atitudes e sistemática para a manutenção dos 3S; saúde e higiene no ambiente de trabalho. Seiketsu envolve criar padrões para manter os três primeiros S e promover um ambiente de trabalho saudável e higiênico.
· SHITSUKE: Autodisciplina para manter a ordem e a limpeza no dia a dia e para o cumprimento de normas, regras e procedimentos. Shitsuke enfatiza a autodisciplina e o compromisso contínuo com as práticas 5S, garantindo que elas se tornem parte da cultura organizacional.
2. Foco
· 5S de baixa Performance: Apenas no ambiente, voltado para a estética e para o condicionamento (comportamento). O foco é superficial, centrado na aparência do local de trabalho sem impactar significativamente os processos ou a cultura organizacional.
· 5S de alta Performance: Nos processos e nas pessoas, voltado para a educação (atitudes). O objetivo é desenvolver atitudes e comportamentos que promovam a melhoria contínua e a excelência operacional.
3. Estratégia
· 5S de baixa Performance: Mutirão de ordem e limpeza (descarte), identificações e demarcações, e auditorias. A implementação é muitas vezes episódica e reativa, sem um enfoque estruturado ou sistemático.
· 5S de alta Performance: PDCA (Plan-Do-Check-Act) e base para a excelência da gestão. A aplicação do ciclo PDCA permite uma abordagem mais estruturada e contínua, promovendo melhorias sustentáveis.
4. Auditorias
· 5S de baixa Performance: Voltadas para julgamento e checklists que não extraem cada um dos “S” e na maioria das vezes não agregam valor. Auditorias são feitas de forma superficial, focando em conformidade ao invés de melhoria.
· 5S de alta Performance: Voltadas para retroalimentação das áreas e do programa e checklists de acordo com o conteúdo de cada “S” e do que realmente agrega valor. Auditorias são utilizadas como ferramentas para feedback e melhoria contínua, integrando todos os aspectos do 5S.
5. Quem puxa o 5S
· 5S de baixa Performance: Auditores e estética. A responsabilidade recai principalmente sobre auditores e é voltada para a aparência.
· 5S de alta Performance: Lideranças e funcionalidade. A liderança assume um papel ativo, focando na funcionalidade e na sustentabilidade das práticas 5S.
TPM
1.1. Pilares Básicos do TPM
· Melhorias Específicas, ou Individuais: Focam em resolver problemas específicos que afetam a eficiência e a produtividade.
· Manutenção Autônoma: Envolve operadores na realização de tarefas de manutenção de rotina, promovendo uma maior responsabilidade pelo equipamento.
· Manutenção Planejada: Envolve a programação e execução de atividades de manutenção preventiva para evitar falhas e paradas inesperadas.
· Melhorias no Projeto, ou Controle Inicial: Foca na incorporação de melhorias e controle de qualidade desde o início do projeto.
· Educação & Treinamento: Visa capacitar todos os colaboradores em relação às práticas de TPM, assegurando que todos tenham o conhecimento necessário para contribuir para a manutenção eficiente.
1.2. Pilares complementares do TPM
1. Manutenção da Qualidade: Foca na manutenção da qualidade dos produtos através de práticas consistentes de operação e manutenção.
2. Segurança e Saúde: Enfatiza a importância da segurança e saúde no ambiente de trabalho.
3. Meio Ambiente: Envolve práticas que minimizam o impacto ambiental das atividades de operação e manutenção.
4. TPM em áreas de apoio, ou TPM Office: Aplica os princípios do TPM às áreas administrativas e de suporte, promovendo a eficiência em toda a organização.
2. Metodologia
· TPM de baixa Performance: Própria, porém sem fundamentação. A aplicação pode ser inconsistente e sem uma base sólida em práticas reconhecidas.
· TPM de alta Performance: De acordo com o JIPM (Japan Institute of Plant Maintenance). Seguir as diretrizes do JIPM assegura uma implementação estruturada e eficaz do TPM.
3. Responsabilidade
· TPM de baixa Performance: A responsabilidade é limitada ao departamento de manutenção, sem a integração com outras áreas.
· TPM de alta Performance: A responsabilidade é compartilhada por toda a organização, promovendo uma abordagem holística e integrada.
4. Abrangência
· TPM de baixa Performance: Apenas o Pilar de Manutenção Autônoma. A implementação é limitada e não abrange todos os pilares fundamentais do TPM.
· TPM de alta Performance: No mínimo, os 5 Pilares Básicos. A implementação abrange todos os pilares básicos, promovendo uma abordagem abrangente e eficaz.
5. Manutenção Autônoma
· TPM de baixa Performance: O objetivo é reduzir a equipe de manutenção e passagem de algumas atividades da manutenção para a produção (ou operação), sem critérios e sem métodos adequados. A abordagem pode ser superficial e ineficaz.
· TPM de alta Performance: O objetivo é manter a confiabilidade e aumentar a disponibilidade e a implementação das 7 etapas de acordo com a certificação de cada uma delas. A abordagem é estruturada e visa a melhoria contínua da confiabilidade dos equipamentos.
6. OEE (Overall Equipment Effectiveness)
· TPM de baixa Performance: Muitas vezes calculado sem critério, de maneira inadequada, e sem dados confiáveis. A falta de precisão nos dados compromete a eficácia das medidas de melhoria.
· TPM de alta Performance: Calculado de acordo com os critérios do JIPM. A utilização de critérios reconhecidos assegura a precisão e a confiabilidade das medidas de OEE, promovendo melhorias significativas na eficácia operacional.
Conclusão
A implementação eficaz dos métodos 5S e TPM pode transformar profundamente uma organização, promovendo não apenas a eficiência operacional, mas também uma cultura de melhoria contínua e excelência. No entanto, conforme discutido ao longo deste artigo, a diferença entre a baixa e a alta performance dessas metodologias é substancial e reside principalmente na abordagem adotada e no nível de compromisso da organização.
Na baixa performance, as práticas 5S e TPM são aplicadas de maneira superficial, com foco apenas na estética e na conformidade, sem um entendimento profundo de seus princípios fundamentais. Essa abordagem pode levar a ganhos temporários, mas raramente resulta em melhorias sustentáveis ou em uma verdadeira mudança cultural.
Por outro lado, a alta performance exige um compromisso mais profundo e uma aplicação rigorosa dos princípios do 5S e do TPM. Isso envolve a educação e o treinamento contínuos dos colaboradores, a implementação estruturada de metodologias como o PDCA e o alinhamento com diretrizes reconhecidas internacionalmente, como as do JIPM. A alta performance se concentra na funcionalidade e na sustentabilidade, com auditorias que agregam valor real e uma responsabilidade compartilhada por toda a organização.
As lideranças desempenham um papel crucial na promoção e na sustentação das práticas 5S e TPM de alta performance. Elas devem estar ativamente envolvidas, puxando a implementação dessas metodologias e garantindo que se tornem parte integrante da cultura organizacional. Além disso, a medição e a análise precisas, como o cálculo correto do OEE, são essenciais para identificar oportunidades de melhoria e para alcançar a excelência operacional.
Em resumo, para que o 5S e o TPM realmente sirvam como base para a excelência operacional, é necessário adotar uma abordagem holística e comprometida, focando não apenas na implementação técnica, mas também na transformação cultural. Apenas assim as organizações poderão colher os benefícios completos dessas poderosas metodologias japonesas, alcançando resultados sustentáveis e de alto impacto.
Haroldo Ribeiro é consultor especializado no Japão, e autor de mais 35 livros sobre 5S e TPM, desde 1994.
E-mail: pdca@terra.com.br
Excelente Artigo! Existe uma grande jornada até se atingir a Alta Performance. Parabéns grande Mestre! 👏🏻👏🏻👏🏻