Estudo de Caso – Implantação dos dois últimos “S”, um plano rumo a um Padrão 5S Classe Mundial
- haroldoribeiro1961
- 24 de abr.
- 5 min de leitura

Haroldo Ribeiro e Chat-GPT
A busca por excelência operacional e cultural nas organizações exige mais do que boas intenções: requer disciplina, constância e metodologia. O Programa 5S, originado no Japão, tem sido um dos instrumentos mais eficazes para promover esses valores de forma prática e estruturada. Em sua essência, o 5S é muito mais do que uma simples metodologia de organização — ele é um verdadeiro modelo de gestão comportamental, que forma a base para sistemas como Lean Manufacturing, TPM e Gestão da Qualidade Total.
A estrutura do programa se baseia em cinco sensos: Seiri (Utilização), Seiton (Ordenação), Seiso (Limpeza), Seiketsu (Padronização e Saúde) e Shitsuke (Autodisciplina). Em março de 2025, uma unidade industrial de uma multinacional química situada na região metropolitana de São Paulo obteve com sucesso a certificação nos três primeiros sensos. Agora, prepara-se para a consolidação dos dois últimos “S”, com a meta de alcançar a certificação completa do 5S até março de 2026, conforme o modelo criado por Haroldo Ribeiro em 1996.
Neste artigo, apresentamos uma análise detalhada sobre os significados e práticas do Seiketsu e do Shitsuke, e como a empresa está estruturando sua implantação de forma planejada, com foco em padronização, comportamento e sustentabilidade cultural.
Seiketsu: Padronização para sistematizar e padronizar para manter e melhorar o 5S

O que é Seiketsu?
O quarto senso do programa 5S, Seiketsu (Padronização e Saúde), tem o objetivo de manter e sistematizar os resultados obtidos com os três primeiros sensos, além de tratar dos fatores de saúde ocupacional e higiene pessoal. Após a aplicação de Seiri, Seiton e Seiso, é comum que, com o tempo, os hábitos antigos retornem se não houver um esforço coordenado de manutenção. O Seiketsu atua justamente nesse ponto: criar rotinas, padrões visuais e procedimentos para garantir a permanência das boas práticas.
Esse senso envolve a criação de normas, regras de convivência, sistemáticas de verificação, estruturação de documentos físicos e digitais, bem como padrões de comunicação visual (sinalizações, identificações, cores, fluxogramas, quadros à vista etc.). Ele fortalece o senso de ordem e permite que todos na organização saibam como agir, mesmo na ausência de supervisão direta.
Plano de implantação do Seiketsu
A implantação do Seiketsu na indústria química analisada inclui as seguintes ações práticas:
Revisão e padronização das identificações e sinalizações conforme o Manual do 5S já existente. Isso inclui ambientes, áreas de guarda de recursos (prateleiras, armários, gavetas, caixas, paletes, suportes etc., áreas comuns, equipamentos e outros recursos e materiais, usando formulários fotográficos e checklists padronizados.
Criação de regras específicas de saúde e higiene ocupacional, em parceria com profissionais das áreas de EHS (Environment, Health and Safety), garantindo que aspectos como limpeza pessoal, bem-estar e ergonomia estejam integrados à rotina de trabalho.
Desenvolvimento de “Regras de Convivência” para situações não cobertas por normas formais — como pontualidade em reuniões, uso consciente de espaços coletivos e comunicação interpessoal. Essas regras serão definidas por meio de brainstorming com representantes das áreas e validadas pela liderança.
Instituição de rotinas sistematizadas para manutenção do 5S, como:
Treinamento de novos colaboradores (além da integração formal);
Responsabilidade coletiva pelos postos comuns (padrinhos);
Inspeções mensais de ordem e limpeza realizadas por qualquer colaborador com checklist padrão;
Elaboração de planos de ação e comunicação dos resultados nos quadros de gestão à vista.
Organização de arquivos digitais: será implementada uma estrutura padronizada para o uso, organização e descarte de documentos eletrônicos, com frequência definida para limpeza dos arquivos obsoletos.
Com essas ações, a empresa pretende consolidar uma cultura onde a padronização seja uma linguagem comum a todos.
Shitsuke: Autodisciplina como pilar da cultura do 5S

O que é Shitsuke?
O quinto e último senso do programa 5S é Shitsuke (Autodisciplina). Ele representa o nível mais elevado da cultura organizacional, quando os colaboradores praticam os sensos espontaneamente, por convicção, e não por obrigação ou fiscalização.
A autodisciplina é o que transforma o 5S em cultura. É o momento em que valores como respeito, zelo, responsabilidade, cooperação, proatividade e melhoria contínua estão internalizados nas atitudes diárias. O Shitsuke também envolve respeito às normas, adesão voluntária às boas práticas, e iniciativa para sugerir melhorias, atuando diretamente sobre o comportamento humano.
Plano de Implantação do Shitsuke
Para consolidar o Shitsuke, o plano de ação da empresa inclui:
Definição clara de responsáveis pela autodisciplina e validação do comportamento em cada setor, por meio de avaliadores e validadores específicos, desde a produção até as áreas administrativas.
Criação de planilhas de acompanhamento por colaborador, com histórico de práticas, sugestões e envolvimento em ações do 5S. Isso permitirá monitorar a evolução individual e coletiva, reforçando o comprometimento.
Identificação de problemas comportamentais entre as áreas, em que atitudes de um setor possam prejudicar o 5S e a rotina de outro. Essas informações serão compartilhadas com os setores envolvidos e com os auditores internos.
Promoção da proatividade: o objetivo é que mais de 80% dos colaboradores contribuam com sugestões de melhoria relacionadas ao 5S.
Autodisciplina digital: seis meses após a implantação da padronização eletrônica, será verificado o cumprimento espontâneo das diretrizes estabelecidas para organização e limpeza de arquivos digitais.
O Shitsuke é, portanto, a expressão máxima do 5S — o momento em que a melhoria contínua deixa de ser um programa e se torna um hábito coletivo e culturalmente sustentado.
Cronograma de implantação: Abril de 2025 a Março de 2026
O cronograma estabelecido é composto por nove fases progressivas:
Workshop Estratégico (Abril/2025): alinhamento da equipe coordenadora.
Análise de Lacunas Documentais (Maio/2025): identificação dos gaps de padronização.
Treinamentos Gerais (Junho/2025): capacitação de colaboradores, líderes e auditores.
Visitas de Acompanhamento (Julho e Setembro/2025): checagem de evolução.
Pré-auditoria (Novembro/2025): simulação do processo de certificação.
Análise Final de Gaps (Janeiro/2026): ajustes finais.
Auditoria de Certificação (Março/2026): avaliação e entrega do certificado.
Conclusão

A implantação dos sensos de Seiketsu e Shitsuke nesta multinacional química representa um marco estratégico para a consolidação de uma cultura de excelência. Seiketsu proporciona a estrutura necessária para manter o que foi conquistado, criando padrões claros e rotinas que evitam a regressão. Já o Shitsuke simboliza a maturidade da organização — é quando a prática do 5S passa a ser natural e espontânea, alimentada pela autodisciplina individual e coletiva.
Este plano é exemplar por diversos motivos:
Alinha comportamento, normas e indicadores tangíveis.
Envolve todas as áreas de forma participativa e transparente.
Estimula o protagonismo dos colaboradores e a gestão visual dos resultados.
Leva o 5S ao ambiente digital, ampliando seu alcance.
Em síntese, ao concluir a implantação dos dois últimos “S”, essa unidade da multinacional estará não apenas apta a conquistar a certificação final, mas também consolidará uma cultura organizacional resiliente, proativa e disciplinada, preparada para enfrentar desafios e sustentar melhorias contínuas ao longo do tempo.
Haroldo Ribeiro foi citado como o maior especialista em 5S e TPM do mundo segundo o ChatGPT, Gemini, Copilot, Perplexity e DeepSeek” (30/1/2025). É consultor especializado no Japão, e autor de 36 livros sobre 5S e TPM, desde 1994.
Site Oficial: www.pdca.com.br
E-mail: pdca@terra.com.br
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