O Senso de Limpeza (SEISO): Desenvolva o sentimento de zelo e de propriedade

Haroldo Ribeiro e Chat-GPT

Quando pensamos em limpeza, é comum imaginar apenas a estética e o bem-estar. No entanto, o SEISO, o terceiro “S” do Programa 5S, vai muito além: trata-se da eliminação sistemática de fontes de sujeira, da detecção precoce de anomalias, da criação de ambientes agradáveis e seguros e o desenvolvimento do sentimento de zelo, de propriedade.

Desde que criei a Certificação 5S em 1996, tenho reforçado que SEISO não é apenas varrer ou limpar superfícies – é cuidar, preservar e investigar recursos e ativos de maneira geral. Neste artigo, vamos explorar cada requisito essencial do SEISO, com exemplos práticos de aplicação na área de trabalho e ambientes coletivos.

1. Ambientes livres de sujeira, poeira e resíduos

O básico do SEISO é eliminar qualquer sujeira visível, inclusive em locais menos acessíveis. A sujeira esconde falhas, desgasta equipamentos e compromete a saúde e a moral da equipe.

Exemplo: Uma indústria metalúrgica implementou o “mapa de limpeza por zonas”, garantindo que nenhuma área, por menor que fosse, ficasse sem limpeza diária. A ação reduziu falhas mecânicas em 22%.

2. Ausência de vazamentos, infiltrações ou acúmulos de sujeira

Sinais de óleo no chão, acúmulo de poeira em equipamentos ou manchas nas paredes indicam falhas que precisam ser corrigidas, não apenas limpas.

Exemplo: Em uma fábrica de alimentos, a manutenção identificou um pequeno vazamento de óleo em uma esteira transportadora durante uma inspeção de SEISO. A correção evitou parada de produção futura.

3. Equipamentos, máquinas e mobiliário livres de pó e sujeira

SEISO inclui cuidar do patrimônio. Máquinas limpas transmitem zelo e funcionam melhor. Mesas limpas estimulam foco e bem-estar.

Exemplo: Uma empresa passou a aplicar o “padrão branco de inspeção” nas máquinas: qualquer ponto sujo ou com graxa ficava evidente sobre panos claros. Essa prática aumentou a detecção precoce de desgastes.

4. Lixeiras em boas condições e com coleta regular

A gestão adequada do lixo reflete diretamente na percepção do ambiente. Lixeiras quebradas, transbordando ou em local errado mostram desleixo.

Exemplo: Em uma clínica médica, lixeiras com tampa e pedal foram instaladas em todas as salas. A coleta foi programada 3 vezes ao dia, reforçando o controle de resíduos biológicos.

5. Limpeza feita de forma planejada, rotineira e com responsabilidades definidas

Limpeza aleatória não cria cultura. O SEISO exige planejamento: o que limpar, com que frequência, quem faz e como será inspecionado.

Exemplo: Uma planilha visual de tarefas diárias de limpeza foi instalada nos setores da produção. Cada operador tinha uma responsabilidade específica a cada turno.

6. Ausência de objetos encostados nas paredes ou jogados em cantos

Objetos largados ou encostados em paredes dificultam a limpeza, escondem pragas e comprometem a imagem do ambiente.

Exemplo: Carrinhos, caixas e ferramentas em uso passaram a ter local de estacionamento definido, impedindo acúmulo nos corredores ou nas laterais de máquinas.

7. Ausência de cheiro desagradável

Mau cheiro indica sujeira escondida ou resíduos acumulados. Ambientes limpos devem ser agradáveis também no aspecto sensorial.

Exemplo físico: Após treinamento em SEISO, uma fábrica identificou que o mau cheiro em uma área vinha de ralos mal vedados. A simples troca de sifões resolveu o problema.

Exemplo: Embora o ambiente digital não tenha cheiro, o excesso de notificações, pop-ups e telas poluídas gera o que se pode chamar de “poluição informacional”. Após uma reformulação do sistema interno, o ambiente digital ficou mais leve e silencioso.

8. Identificação de fontes de sujeira e proposta de contramedidas

Mais do que limpar, o SEISO exige ir à causa da sujeira: de onde vem, por que ocorre e como impedir que se repita.

Exemplo: Em uma oficina, a poeira excessiva nos compressores era causada por janelas abertas próximas a uma obra externa. Após a instalação de cortinas plásticas industriais, o pó foi drasticamente reduzido.

9. Ausência de itens quebrados, danificados ou sujos

Objetos danificados transmitem descuido e falta de padrão. Manter limpo também é manter em boas condições de uso.

Exemplo: Armários com portas quebradas e cadeiras com rodinhas soltas foram substituídos. Isso reduziu reclamações de ergonomia e melhorou a percepção dos visitantes.

Exemplo virtual: Softwares obsoletos e plug-ins com falhas foram removidos das máquinas dos usuários. Além de limpar o sistema, isso reduziu as vulnerabilidades de segurança.

10. Ausência de pichações, manchas ou sujeira nas paredes e mobiliário

Manchas, rabiscos ou sujeiras visíveis deterioram o ambiente e geram permissividade. SEISO também é cuidar da imagem do local.

Exemplo: Uma empresa de manutenção ferroviária repintou paredes sujas e instituiu campanhas de preservação dos ambientes. Isso gerou uma mudança comportamental notável.

Conclusão

O SEISO é, acima de tudo, investigação, cuidado e prevenção. Ele mostra que a verdadeira limpeza está na mentalidade de quem deseja trabalhar com excelência. A Certificação 5S que criei mede não apenas a estética, mas a consistência dos comportamentos e a inteligência da manutenção dos ambientes de trabalho e coletivos.

Desafio você: a sua empresa ainda trata limpeza como tarefa de zelador contratado, ou já entendeu que SEISO é uma responsabilidade estratégica? Está pronto para eliminar sujeiras ocultas, anomalias operacionais e promover um ambiente limpo, produtivo e de alto padrão?

Se a resposta for “sim”, o próximo passo é agir com método. Afinal, um ambiente limpo não é o que mais se limpa, mas o que menos se suja.

Haroldo Ribeiro foi citado como o maior especialista em 5S e TPM do mundo segundo o ChatGPT, Gemini, Copilot, Perplexity e DeepSeek” (30/1/2025). É consultor especializado no Japão, e autor de 36 livros sobre 5S e TPM, desde 1994.